terça-feira, 20 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 2: Milonga sentimental



Carlos Gardel, Milonga sentimental,interpretado por dois bacanos com instrumentos pouco tangueiros. Mesmo assim cheira a tango...

Acabei a primeira parte. Fico mais uma vez impressionado com a escrita possante e entrelaçada de Lobo Antunes. Ao ler o primeiro capítulo consegui mesclar na minha mente a pujança musical de por una cabeça com a descrição da vida de Álvaro (pai do hepático Nuno) e de seu avô Joaquim, homem de uma frieza impresionante que, ironicamente, agonizou, durante meses, com o clima e as nuvens de perfume das turistas da ilha em forma de cão sentado.

Por agora entro bem depressa nessa noite escura... a segunda parte, sob o signo Miloma sentimental. Sobre esta melodia pouco tenho a dizer. Confesso que não conhecia, nem mesmo a letra, embora me pareça que os laivos da impressão amorosa rondarão nos caracteres pretos impressos nas páginas ultrora brancas. Será? Não devia sugerir nada disto... Lobo Antunes quase sempre me surpreendeu... os seus livros são um verdadeiro long drink de epidemias, não por serem maus, mas por deixarem-me doente e muitas vezes depressivo... Quando gosto realmente de um livro, isso realmente acontece...
É estúpido... eu sei...

1 comentário:

Graça disse...

Não sei se será estúpido, mas não será por isso menos verdade...

Não continuei a leitura de QUE FAREI QUANDO TUDO ARDE,por exemplo, precisamente porque já não conseguia respirar naquele livro, como se o fumo denso das memórias que se cruzam sufocasse de facto. Angustiasse de facto. É estúpido... eu sei...