sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 5 : melodia de arrabal



Carlos Gadel, melodia de arrabal, por uma soprano lírica


Terminei um bom livro...

Seguirei para o Esplendor de Portugal.

domingo, 25 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 4 - El dia que me quieras



Carlos Gardel, El dia que me quieras, versão orquestral, pela Filarmónica de Berlim, dirigida pelo maestro Daniel Baremboin.

Da última parte retenho o seguinte:

O que quer esta agora?, a imaginar Perdeu o emprego?, a recear Vem pedir-me dinheiro?, e não era dinheiro Álvaro, queria ver-te antes de me ir embora, afinal de contas passámos juntos sete anos, afinal de contas houve o Nuno, não é?

Vamos para a quarta parte. Será o Nuno a falar...

25 de Novembro de 1975... O que foi isso???




Já ouvi tantas versões contraditórias... Golpe, contra-golpe, da esquerda, da direita, dos de cima, dos de baixo, dos políticos, dos militares, do grupo dos nove, do MFA, do padre Melo e seus amigos da Maria da Fonte, dos bombistas, dos fachistas ressabiados, dos funcionários da construção civil (desses desconfio muito!!!, a Assembleia emparedada é que era, pá), dos paraquedistas (coitados esses é que ficaram com a fama), do Cunhal e seus amigos amestrados, de Soares e do seu sonho de mudar a constituinte para o Porto, para daí combater a Comuna de Lisboa, dos Serviços Secretos Britânicos e suas armas sempre à disposição, das diretorias de Moscovo e seus respectivos Uzbeques no terreno, do Melo Antunes e da sua contrição televisiva (eu gosto deste senhor... talvez tenha sido o único que realmente falou a verdade em 1998, mas contou só o que sabia... falta ainda o que não se sabe), do Otelo das suas megalomanias de Che Guevara da Europa, do Gonçalves (coitado deixem o senhor em paz!!! que ironia estúpida a minha), dos RALIS e da sua saudação comuna quebrando protocolos, do Spínola e seus amigos direitolas tortos... (papistas?), da maioria silênciosa (há festa na mouraria...lalalalala gosto tanto deste fadinho!), do Gomes da Costa (bem... a lareira em Belém estava acesa, será que de lá poderia sair fumo branco?), do Eanes. E fico por aqui...

- Bem, nisto tudo já me perdi... Alguém que fale a verdade por favor...

- A Bem da Nação [bem, este computador ou está com vírus ou então algumas interferências fazem com que apareçam frases estúpidas!!! Quanquer dia tenho que escrever ao pé da televisão (como o Procurador Geral da República quando está ao telefone)]

- F***-se pá, quis veritas?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - Parte 3 - Lejana tierra mia



Carlos Gardel, Lejana tierra mia, cantado pelo próprio.


Uma segunda parte na linha da primeira. Possante e irreverente. O (des)amor entre duas mulheres e a paixão de Graça pelo seu próprio irmão. O impenetrável olhar da varanda, a frase:

- Vai-te embora desta casa Cristiana

Vamos ver o que se segue.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 2: Milonga sentimental



Carlos Gardel, Milonga sentimental,interpretado por dois bacanos com instrumentos pouco tangueiros. Mesmo assim cheira a tango...

Acabei a primeira parte. Fico mais uma vez impressionado com a escrita possante e entrelaçada de Lobo Antunes. Ao ler o primeiro capítulo consegui mesclar na minha mente a pujança musical de por una cabeça com a descrição da vida de Álvaro (pai do hepático Nuno) e de seu avô Joaquim, homem de uma frieza impresionante que, ironicamente, agonizou, durante meses, com o clima e as nuvens de perfume das turistas da ilha em forma de cão sentado.

Por agora entro bem depressa nessa noite escura... a segunda parte, sob o signo Miloma sentimental. Sobre esta melodia pouco tenho a dizer. Confesso que não conhecia, nem mesmo a letra, embora me pareça que os laivos da impressão amorosa rondarão nos caracteres pretos impressos nas páginas ultrora brancas. Será? Não devia sugerir nada disto... Lobo Antunes quase sempre me surpreendeu... os seus livros são um verdadeiro long drink de epidemias, não por serem maus, mas por deixarem-me doente e muitas vezes depressivo... Quando gosto realmente de um livro, isso realmente acontece...
É estúpido... eu sei...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 1: Por una Cabeza


Carlos Gardel, Por una cabeça. Executado com muita garra por uns amigos asiáticos (ainda desconhecidos).


Canalhice, xavelhada da maior, faca e alguidar, bipolaridade de sentimentos, bailarinas [ui!!!] verdadeiramente fatais, um sim e um não exprimidos em milésimos de segundo de expressão corporal, um kitch jenuíno que lembra a minha terra natal: o radiozinho pequeno em cima do frigorífico a tocar enquanto a dona de casa limpa o chão da cozinha depois do almoço de milho com peixe-espada preto. Tudo isto é triste, tudo isto existe tudo isto é .... Tango. Adoro...Piazzola. As suas melodias de raiva e de pouca lucidez, tocadas com um ritmo apaixonante e por vezes descompassado.

Na minha cabeceira encontra-se à espera da primeira leitura A morte de Carlos Gardel do Lobo Antunes [sim, a minha saga continua, ainda faltam 10 livros do senhor para eu descançar]. Sei que não tem nada que ver com a voz virtuosa do senhor Gardel, muito menos com a sua vida, embora, na divisão interna [em cinco partes] transparecem como leitemotive cinco famosos tangos da sua autoria. A primeira parte encontra-se demarcada sob o desígnio de por una cabeza, uma canção portentosa que eu conheço desde miúdo, quando ouvia rádio nas longínquas tardes na casa da minha avó Adelaide, bordadeira de profissão, onde visionei e fixei na minha mente imagem de um quotidiano que em tudo se assemelha a algumas letras dos tangos mais borlescos e também dos mais sentimentais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Deste medo que é só meu…

Entro na minha inconsciência, muitas vezes pesada, com a pretensão de conseguir demonstrar a leveza desta acção. Sento-me num hipotético precipício de frente para as albas nuvens que se interligam com o pôr-do-sol e escrevo com estes dedos pequenos sobre o teclado, uma série de quadrículas pretas em que toco incessantemente, com sofreguidão amordaçada, até conseguir chegar á realidade que pretendo que algum dia seja meramente consumada. Olho para o ecrã e, perante a minha miopia visceral ao rápido impacto visual, vou descobrindo negros caracteres de varia espécie que se intercalam com o branco inocente e puro de algo acabado de sair do genuíno e imaterial, desvirginado pelo preto sujo de um pensamento que quer ser vida. Mais uma vez não resisto em vomitar incessantemente laivos de má literatura, algo gongórica e de certo modo retrógrada, visto não ter (nem talvez meramente pretender) a decência de esperar pela inspiração (se é que esta existe) nem pelo respirar da minha mente… procuro, neste gesto inato de escrita automática quiça surrealista a la maniera de André Breton e de outros (que, como aquele, são tão basilares, por isso nem pela mais pura heresia os deveria invocar), fugir à loucura da escrita e, num só fôlego, acabar com este meu tormento do dever imposto para um bem final…
Deparo-me agora, nesta simbiose de sonho e de obrigação imposta, com fundo musical de Schubert e elevo-me da encosta em que me encontro. Agarrado ao portátil, vou de encontro à leveza desse pôr-do-sol que, em pleno Outono, se desenha para os lados do grande Cabo iniciador de novos horizontes insulares mesclado pelos tons verde (da vegetação) e laranja, próprio de quem, com o sentimento de despedida, se deixa iluminar por estes últimos raios da renunciada tarde e princípios de uma alvorada nocturna.

São tantos os minutos…
Mais uma vez mergulhei na mediocridade…
Para a próxima será melhor…

P.S.: perdão Schubert, André Breton e outros … perdão … vocês não mereciam isto!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

uma lied de Schubert



Liebeslauschen, interpretado por Fischer-Dieskau


As ondas depressivas morrem com uma simples lied...

domingo, 11 de novembro de 2007

Rex Tremendae Magestatis




De um postal...

Palavras doces ouvidas através da memória do jugo natal

- Sua alma encardida, alma excomungada... a balafêma da tua irmã que disse de mim?Eu?! O diabo é que lhe vai levar para as portas do Bataclá para os cornos do inferno, sua porta da Sé, filha de 7 p*t*s...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ritenuto . .. Presto... Prestissimo



- Renasce filha, estás perdoada!

La cadenza em ritmo de Pasodoble




- Alguém tem um fósforo que me empreste?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Casta Diva - Una provocatione fantastica



Trechos de ópera imortalizados pela madame Callas há aos montes... Mais, todas as divas seguem quase à risca a sua poderosa interpretação da Casta Diva da Norma do compositor belcantista Bellini.

Deixo-vos aqui o mesmo trecho com a signora Cecília Bartoli (mais dada ao reportório barroco, com um Vivaldi magnífico!)reproduzido no seu último CD, todo ele um tributo a la maniera da Diva oitocentista Maria Malibran.

Gosto. Não exagera em dramatismos vocais callianos, assumindo uma serenidade digna de notar.

Há quem não aprecie este esforço. Fica ao critério do ouvinte.

Locus Iste - Bruckner



Partindo de uma tradução bem rasca do latim, se não fosse ateu diria Esta é a casa onde está/existe Deus.

Bruckner no seu melhor...

Imagem com gente dentro [14]




Linha de caminho de ferro (Funchal - Monte - Terreiro da Luta), algures no início do século XX.

- E da gente dentro que não vejo?

domingo, 4 de novembro de 2007

O Elnet burguês inalado em cházinhos de benificência

- quero duas colheres de açucar por favor...

(que ouriço! Credo... meu Deus esta gente não sabe viver...)

- Então como vai a sua menina Maria do Carmo? já foi para a terra do noivo conhecer os futuros sogros? é verdade que o seu futuro cunhado herdará a fábrica de lanifícios Rodrigues da Covilhã? Que bom! deve estar contentíssima...

(esse é que era homem para a minha filha, não para aquela engomadinha que nem falar sabe...)

- Então onde se conheceram? oh! que giro! no baile aqui no casino... deve ter sido tão romântico!

(bem disse à tonta da minha filha para vir até cá em vez de escrever rabiscos em papelinhos para o filho do merceeiro)

- Então amigas como vamos fazer neste Natal para com os pobrezinhos? estive a pensar em roupinhas de criança, até tenho de parte as que ficaram da minha Jeninha, mais uns bolinhos e croquetes para os meninos do sanatório e uns napronzinhos de croché filigranados das mesinhas de cabeceira para os do Bairro de São Julião, se as tiverem claro. Com essa gente não podemos contar com nada, talvez nem saibam o que é isso. São tão mal agradecidos...

A cassete proletária difundida em laivos de charme

(Aguenta lá esses olhos na minha cicatriz porra! aí mesmo, no canto da boca)

porque o mundo burguês, pá, só se aproveita dos trabalhadores para enriquerecer pá...

(foca-te no meu movimento corporal... mais um pouco e já caíste)

porque os cinco tostões que ganhas são só arrotos da burguesia

(repara na minha mão a tocar subtilmente no cabelo seboso de gordura proletária)

porque as vítimas dos regimes fascistas...

(fixa o meu modo de aconchegar o sexo por cima das calças)

porque a gente pá... unidos pá venceremos esta burguesia filha da puta controladora do capital

(então não é desta pá... pronto, pronto... mais um movimento... observa como cruzo a minha encharpe palestiniana pelo pescoço)

Porque a malta não está unida pá porque dispersa-se em lutas pequenas pá que não nos levam a parte nenhuma, pá a luta pá é só uma... só uma..

(encontro os teus olhos nas minhas tenis rotas... pá... não está a dar resultado.)

E unidos venceremos...





[Depois da reunião do grupo de trabalho...]

- Dolores, fiquei enojada com o Manuel Zebedeu.

- Então camarada? porquê? que pensamentos são esses? olha que vou comunicar ao comité central!!! Não pode ser ... estás a aburguesar... a nossa missão... pá... a nossa missão[...]




(Deixei a Dolores em Santos e vagueio sozinha pela margem deste petróleo aquático unido por uma ponte... estou sozinha...)




Hoje, 31 de Janeiro de 1976. vinte e oito anos, quatro meses, seis dias. Conto a idade como contas de um longo rosário. O tempo pesa-me nos ombros... amanhã acordarei para o morno dia da manhã. Da fábrica ficou o que não encontrei...