quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Lura numa norma afadistada ou num fado amornado



Lura, Flor di nha esperança, do filme Fados de Carlos Saura.

Um espanhol que fez o que muitos portugas não fizeram.

Fugiu a boca para a sua verdade

"Eu não acredito em reformas quando se está em democracia, quando não se está em democracia, é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se; e até não sei, se a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então, venha a democracia"


M.F. Leite

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Canção de roda da minha infância [2]

Baila que Baila

Vai de roda, vai de roda
De roda sempre a rodar
Quem quiser entrar na roda
Tem que cantar e bailhar

Lá na minha freguesia
Há um parzinho engraçadinho
O Manel mais a Maria
Sabem bem este bailhinho


Baila que baila
Baila a menina forasteira
E mostra como a gente bailha
Este bailinho da Madeira

canção de roda da minha infância

Paspalhão

Lá vai o paspalhão p'ro meio
Para a roda não andar
Que anda e desanda a roda
Sem achar com quem casar
Que anda e desanda a roda
Sem achar com quem casar

Casadinhos há três dias
Olha os noivos a dançar
Quem tiver filhas no mundo
Que as trate de casar
Quem tiver filhas no mundo
Que as trate de casar


Viva o cravo, viva a rosa
Viva a flor de laranjeira
Viva o noivo deste dia
Viva a sua companheira
Viva o noivo deste dia
Viva a sua companheira

Lá no céu ia uma estrela
Atrás levava uma faixa
Que dizia viva os noivos
Que casaram na Camacha
Que dizia viva os noivos
Que casaram na Camacha

Strauss e as quatro últimas canções


Beim Schlafengehen, canta Elisabeth Schwarzkopf, belíssima.

Strauss (o alemão é claro!!!) sempre me fascinou. A sua Salomé libidinosa e a sua Electra mágica constam na minha discografia pessoal já há algum tempo.

As quatro últimas canções são um marco músical digno, pujante de lirismo e de transparência. Falei com um amigo melómano [tatuado com a foice e o martelo marxista-leninista (sim, esses ainda existem por aí)] que não suporta este compositor. Diz que as melodias straussianas transpiram fascismo ressabiado. Lembram velhos senhores caquéticos que queriam dominar o mundo sentados na sua cadeira, com um cobertor riscado sobre as pernas, à beira de uma varanda, apreciando o pôr-do-sol e o nascer do crepúsculo.
Há quem pense assim...
Nada disto figura no meu imaginário.

Ensaio sobre a cegueira (blindness) - O Filme


Ensaio Sobre a Cegueira - realização: Fernando Meireles

Não vou perder.

A parábola saramaguiana que mudou os meus olhos. Não sei se ainda consigo ver. Por enquanto reparo no que está à minha volta.

E não gosto.

AH... não gosto não...

Para uma Bárbara que conheço






Um abraço do amigo


Duarte

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um olhar a cada dia



Descobri um novo artesão do cinema europeu: Theo Angelopoulos. Devoro todos os seus filmes. Este é um dos melhores que já vi até hoje: Um olhar cada a cada dia. Ulisses numa Europa de Leste desventrada. A guerra e a viagem com as estátuas de um passado opressor até Sarajevo.

Puro. Puríssimo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Colosso Literário: As Erínias voltaram para afagar o remorso



J. Littell, As benevolentes

Nunca pensei conseguir ler 900 páginas em cinco dias. Mas aconteceu. Um livro colossal. Uma visão sobre o nacional-socialismo germânico e seus homens. A linha ténue entre o bem o mal. A realidade do ser humano que cumpre ordens. Uma personagem principal acaracterística (para uma sociedade que se interessa pelos valores certinhos, direitinhos, maneirinhos, amen...), frágil, escondida num mundo sedento de pulsações sexuais e filosóficas que deambula e interfere nos principais palcos da Segunda Guerra Mundial.

Depois de um ano e meio a ler todos os livros do Lobo Antunes, eis que me sai na rifa outro grande escritor - J. Littel - numa confluência de diferentes estilos literários, com laivos do que de melhor se tem escrito, desde a Guerra e Paz, A Montanha Mágica, a Peste e a Oristeia.

Recomendo!!!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Imagem com gente dentro [15]



Um dia. Um passado.Quatro amigos e mais nada... Despojos de uma cidade.


1.º- Bob Dylaneeeeeeee!!! Eric Claptoneeeeeeeee!Daqui a pouco tenho que andar. Isto pesa.

2.º- Que merda tás tu a dizer (com um olhar do Velho do Restelo típico de quem cinza o mundo escondendo um fruto doce de bom companheirismo). OH D. OH N. OH T. ...

3.º- Foda-se esta merda não corta. Se eu soubesse trazia a poda lá da quinta. Caralho que chatice. É mais fácil tosquiar as ovelhas...

4.º- Vou acabar com esta merda. Até já tenho tesoura. Será desta. É de vez. Rasgo esta merda e pronto Adeus Coimbra. Adeus merdas e fados e tralala e tralala e tralala...

Um poema. Um poeta

Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Bruckner a la maniera de Celibidache



Bruckner, Sinfonia n.º 7 - Adágio


Palavras para quê?!

Tenho umas vinte versões desta sinfonia, quase todas por maestros e orquestras diferentes. Digo-vos... Esta sinfonia só demonstra toda a sua beleza através das mãos do mago Celibidache.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Eu Duarte me confesso...

Como sou arraçado, o 10 de Junho não é para mim!

Por isso como bom vira-lata rafeiro andarei de lixo em lixo a deliciar a minha fome por um canil melhor, onde possa ser mais bem tratado.

O caniche chefe é quem dita os epítetos para o nosso bando. Há dias foi o dia dele e não do pastor alemão. Também chegará esse dia...

Au Au Au!

Ups! Já tenho o SIS canino à perna...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Vamos lá ver...

Depois de uma pausa valente, resolvi mandar aqui uma posta [viscosa] de diarreia mental. Às vezes penso que a criação deste blog foi um engano. Mas não. Sei que não sou lido ou só por aqueles que ainda acreditam nas asneiras pegadas que escrevo. Após a depressão sinto-me divorciado deste local. Já pensei em apagar tudo o que escrevi, mas não tive coragem.

Por agora é tudo!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um momento de humor [1]



Brotherhood Of Man - Save All Your Kisses

odeio esta canção...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Trois Colours - Carta aos velhos que mudam de rumo. Os que lutaram pelas cores e agora adormecem em cima delas

Azul Branco e Vermelho. Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Lema que encontro dentro de mim e jamais abandonarei.

Não perco a esperança, serei sempre a senhora idosa que procura por a garafa dentro do vidrão. Com a idade os passos tremem... Mas a coragem ficará. Enfrentar um vidrão verde de uma não cor leva-me a concluir que o homem muda, a conjuntura transforma, os deuses praguejam o seu epíteto. Mas serei eu, numa consciencia tranquila, que sepultarei os enganos do devir.

terça-feira, 25 de março de 2008

Boa Tarde às coisas aqui em baixo...

Tou numa faculdade que não é minha (talvez nem seja de ninguem) a ressuscitar dos mortos um blog que não merece estar vivo. A vida rompeu em outra vida. Respiro. Só não consigo sair desta cidade.... A morte ficará para depois. O salto qualitativo decorrerá da libertação do jugo de um passado. Dele trago comigo uma mulher e uns quantos amigos. Salvé a todos eles. Procurarei ser sempre de vocês...


Por agora é tudo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Reposta a um email anónimo

Caro(a) senhor(a)

Não adianta. A minha alma não é assim tão negra como descreve. Talvez, quem sabe, nos encontraremos pelos caminhos onde geralmente ando e nada acontecerá. Talvez, um dia, use para consigo a expressão "medonho" que escreveu no seu opúsculo digital. Para psicoterapeuta basta quem me atura e já tenho pena deles porque muito aturam e cuidam de mim. Acredite, eu tenho amigos! Eu sei que não sou fácil. Não, não invoque Freud e seus amestrados para concluir o meu desvio de pensamento em relação às normas sociais tão devotamente descritas por si. Quanto ao desprezo pela cidade onde estudou e estudei, só posso dizer que é uma atitude de negação para com um passado que cheira a mofo e a naftalina visualmente negra de uma capa e de tudo o que ela simboliza, nessa Meca do bem estar (só para alguns) conservador do nosso país. Sim, eu sei, tem razão, a minha ainda está no armário, não por mim mas pelo desgosto dos que de mim são próximos se, algum dia, a destruísse ou então afogasse ao rio das suas "musas mondeguinas". Para a próxima, se quizer falar comigo [vou pedir à tua mãe ou Maria Vai ou Maria vem - Max fica sempre bem com o meu sutaque tão xavelha da Coroa do Ilhéu],peço-lhe que não refira que conhece este ou aquele que me conhece ou já conheceu ou ia conhecendo de não conhecer, porque, sabe, o ser e o parecer são diferentes e eu para o que não me conhece mas conhecendo ou fingindo de vista desconhecer... não sei se fui, ou sou, ou serei... Não sei sinceramente. Escrevo-lhe com todo o gosto e com a admiração por ter sido, como eu, sobrevivente de uma determinada instituição de ensino. Espero que não tenha aprendido nada porque se assim foi não deixa de ter sido uma atitude de grande intelegência.
Mais uma vez agradeço os seus préstimos de psicanálise a la minuta mas não me interessam para nada. Espero que não fique ofendido(a). Eu sobrevivo. Olhe para este espaço, desfrute a mediocridade do que escrevo, pense que consegue fazer melhor - eu sei que consegue! - e desligue a Internet. Depois os pensamentos serão todos seus. Tudo é seu, nada meu,tinha mais do que fazer do que pensar na vida dos outros, sou muito pouco vouyer e não me interesso pelo que vem do exterior. Até na literatura e na música sou assim. Gosto mais de sentir as minhas sinopses a fermentar numa atitude quase pavloviana. Dou mais importância ao efeito interior que causa em mim do que propriamente exteriorizar em descrições estilísticas do bonito ou do feio, do cru ou do cheio, do ornamento ou do liso ou quem sabe da harmonia etc etc etc. Sou egoísta nessas coisas.

Sabe meu senhor(a), espanto-me em querer ajudar, mas recuso a sua esmolazinha cristã de maçã crivada, podre, mesmo podre. Não. Não quero atingir o Reino dos céus. Não acredito em Deus... Acredito nos homens de boa vontade que olham para o outro como se da vida e do bem se tratasse, não como a esmola envangélica do reinado que há-de vir [amen (desculpe, agora fui grosseiro)].

Sim, acertou numa coisa! Sou de História, ou melhor, fui de História, melhor ainda, fui à História... Aguardo agora o devir. Só esse interessa...

Cordialmente

Saúde e Fraternidade

D.F.

Herberto Helder escreve o que sinto e não sei dizer...

Sobre o Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

— E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

queria de ti um país...

A morte de um pensamento.
Não. Não vivo num país. Vivo numa merda aquosa de políticos estupidificantes... Deparei-me hoje com um deles. Nem a mentir...
Aí Portugal Portugal...
ADEUS. HOJE MORRI PARA TI.
VAI PARA A P*T* QUE NÂO TE SOUBE PARIR...
AMANHÃ NÃO SEI...
MAS HOJE...
VAI MESMO...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

cantadeira Catarina Chitas


Sabedoria da mulher de Penha Garcia.
Uma paixão de anos...

sábado, 12 de janeiro de 2008

fúria com um teclado que não me deixa falar

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

para um amigo...

(ao telefone)
- Tou?
- Sim, diz lá o que queres...
- O quê?
- Diz lá o que queres! Ultimamente sempre que telefonas é para pedir alguma coisa...

domingo, 6 de janeiro de 2008

A morte de um libertino libertário


Luís Pacheco, In memoriam


Farás falta seu traste...deixaste um dos maiores apontamentos da língua portuguesa... A Comunidade.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Recordação....

Ainda não caíste no esquecimento...

Escurinha tu tens que ser minha...



Uma versão deliciosa de um samba com a doçura da Maria João.

O mundo de Beatriz por Chico... o Buarque pois claro!

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da actriz

Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da actriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da actriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida


Beatriz, Chico Buarque/Edu Lobo



Excertos de uma versão da Maria João e do Mário Laginha
A palavra sublime é manifestamente inferior...

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O melhor livro que li em 2007



António Lobo Antunes, Fado Alexandrino