segunda-feira, 28 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [7]




Traje típico madeirense, s/d.

Poses pouco quotidianas para inglês ver... sentado.

Lua nha testemunha [de uma voz assim]



Lua, nha testemunha :

de um mar que reune dez cães sentados que procuram no fundo do oceano os reflexos sonoros de uma morna leveza;

de uma diva humilde que absorve a atenção do(s) ser(es);

de uma verdadeira deusa do Ébano... Cesária Évora.


Miss Perfumado, Cesária Évora.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Apelo à minha consciência [2]

Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente.


Karl Marx e Friedrich Engels, A Sagrada Família.


Uma epígrafe encontrada no livro de contos Objecto Quase de J. Saramago, que fermentou nas caldeiras das minhas sinopses...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [6]




Borracheiros [transportadores de vinho], pelo caminho de Belém acima[freguesia de Câmara de Lobos], algures na época de 40/50.


Subindo uma encosta de cão...

Aos amigos [aos meus...]

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.

Os amigos que enloquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade.

Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.

- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


Herberto Helder

domingo, 20 de maio de 2007

Pelos lados da Tropicália




Chico e Jobim, Falando de amor, com doçura...

sábado, 19 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [5]





Mundo rural madeirense, algures na década de 40/50.

[Vidas plenas de natureza sobre o cão sentado]

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [4]




Crianças de Câmara de Lobos, algures na década de 40[?]

Almas juvenis para além da razão... vidas e sorrisos residentes no cão sentado.

Maria Clara, o homem da casa...

Há momentos na vida em que necessitamos tanto de um sorriso.
À falta de melhor toco-me com o dedo no vidro.


Não entres tão depressa nessa noite escura , António Lobo Antunes.


Já tentei parar mas não consigo...
que livro!!!!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Três génios...




W. A. Mozart (O compositor)

Maria João Pires (A pianista)

Pierre Boulez (O maestro)


Não sei o que mais posso querer... talvez uma orquestra à altura... (e não está má de todo)

Concerto para piano nº 20 em Ré menor (2º e 3º andamentos)

A música é o barrulho que pensa, Victor Hugo

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [3]




Pescadores de Câmara de Lobos,algures na década de 30/40.
[Um dos esparsos da ilha em forma de cão sentado].

Tocatta em fuga à paródia a duas mãos

Manifesto anti W®INDOW®S!



"In memoriam" José de Almada Negreiros,
“poeta d’Orpheu e tudo”,
à música e poesia de José Mário Branco
e à simpatia do reggae dos Kussondolola.



O w®indow®s e o Dantas são irmãos,
A sua mãe foi
Meretriz da Babilónia
que se arrependeu
de ter emprenhado pelos ouvidos,
de mula...
ainda hoje está triste
porque o aborto é ilegal...

(à mãe do windós
não foi presa
porra nenhuma!!!)

Já deve haver bombas w® & w®s lda…
para fundamentalistas anabaptistas,
católicos,
islamitas,
budistas,
jainistas…
mais
anarquistas e
caóticos esquerdistas,
e direitolas tortos,
Papistas!?

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
É preciso a fusão nuclear a frio para acabar com a espécie deles w®’s.

Se há w®’s em portugês
Nós queremos escrever sânscrito
ou em mind’rico...
Não há W®rd em mind’rico,
nem em mirandês, nem em basco...
nem em galego...
nem em esperanto.
ou sei lá...,
nem em chinacabarquês!

Se o w®indow®s é terreno,
tragam-nos já a Jerusalém Celeste!
(aí Deus nosso senhor!)
Ou será que o Bill portões já vendeu as janelas a Deus?
Se o sistema informático do céu são janelas w®
queremos ir para os beirais do Inferno!!!
O w® é pior que os sete pecados mortais todos juntos...
o w® é pedófilo e subverte a juventude...
e ninguém lhe deu uma taça de cicuta.
Se o w® é doido libertem, pelos portões, todos os malucos!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!

Comparadas com w®, as sete pragas do Egipto são 1 mosquito!
... ou dois (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows).
O w® é a erosão que corrói as Pirâmides e a Civilização!

Se já exportaram o w®indow®s para a Lua
queremos viver em Plutão!
Se o futuro é o w®indow®s tragam-nos já o Fim dos Tempos!!!
Traga-se, de um só trago, o Apocalipse
servido com copos e travessas de prata w®
mais os vossos líricos w®,
os vossos profetas w®,
anjos de perdição informáticos,
dogmáticos!
E vós parváticos? Que fazeis?
Bateis palmas?
Já sois estado-unidenses é?
Já nasceram em Seattle é?
Já apoiam a desértica invasão do petróleo?!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou dois (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows).

As vossas teorias da conspiração w®
cheiram mal dos genitais...
tal qual os vossos Da Vinci’s
de pacotilha que tais!
O w® é pior que a gripe das aves,
que peste suína africana,
que a filoxera,
o w® mata mais gente, intelectualmente, que a heroína…
a cocaína e a erva fazem bem melhor...
Mais vale fumar nicotina
do que ter que dar no w® no ibm/pc…
O w® é a bela merda que se vê!!!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou três (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)que w® não é perfeito!

E depois vem o Sócrates
mais a sua corja de parvos
e vendem o futuro da nação ao w®
e aos portões e às janelas…
e vejam bem, por meia dúzia de tostões!!!
Que o bom português vende-se suave e barato!
Se Portugal é w® eu quero ser brasileiro...
O w® é cámone,
o w® é arraçado de cámone,
o w® é meio nazi,
e nem fascista consegue ser!
Ele é capitalista, ele é dialéctico,
ele é pseudo-marxista...

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou quatro (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)f***-se. que é mais estúpido que é 1 porta,
que 2 portões, que 3 janelas,
que 4 billboys!!!!

Depois virão os cabrões de vindoros,
os moralistas
mais a mãe puta dos filósofos
e politicantes pós-modernos
a dizer com’ó Só- Ayres: é fixe! (o w®, bem entendido)
a dizer que as pastas w®
fazem bem aos olhos,
quiçá aos dentes,
e à saúde dos pés!
Certamente já haverá
aguardente w®
já há uísque w®
(que faz bem à cirrose)
e filós w®, qual mezinha para combater o cancro dos testículos!!!

Mas ninguém combate o vírus ideológico
que vos corrói a mente
seus pedantes
d’aquém e d’além Mar!
Meteis tanto nojo,
com os vossos cifrões,
neutrões, fotões e electrões
e o vosso capital electrónico
que pulula de cartão em cartão
(nesta pop-chula,)
e se acumula,
reproduz e se gere eternamente
e globalmente…
O vosso neo-capitalismo
é tão excremento que nem escatologia chega a ser!!!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou cinco (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)
f***-se. que é mais estúpido que é uma porta,
que um portão, que uma janela,
ou que o vosso presidente-guru Brux, (01011019010 mais outro erro binário).

O Dantas e o w® são primos e irmãos
nasceram do casamento de um chacal com uma hiena,
e o seu tio-avô era ladrão...
tão ladrão que lhe chamavam Burguês!
Tão ladrão que lhe chamavam Sultão...
e era mameluco e eunuco
o pobre coitado!!!
O w® é o pai, o avô e a mãe dos sapiquê
o w® é bosta (com sotaque de Fêlipão)…
E neste Atavismo Global
qualquer dia a Via Láctea é marca registada w® ...
Oh não!
Então imigraremos para outra dimensão...

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou seis (que grande Besta)!

[...]

MORRAM e ardam muito TEMPO nos esgotos do Inferno!....




© Raimundo Mazzorro (poeta neo-futurista, tribalista do “novo Orpheu” e «tudo mais é com Deus»).

© Manuel Zebedeu (poeta intra-surrealista da epistola sagrada de Bruges).


Publicado na Revista OS Bárbaros

Um papel em branco… [diálogo(s) de um eu colectivo ]


- Não sei se devo deixar os meus pensamentos se soltarem por entre campos de brancura ingénua e doce.
- É tão só um papel! Não penses que sobre ele cai toda a metafísica humana e animal.
- Só um papel… recorda que este passo já é de coragem… não tenho mais que um sentimento de querer ocupar um espaço no vácuo do amanhecer…
- As sonoridades albas desmaiam por entre as marcações negras que pulsas incessantemente com os meus dedos e formam uma pauta polifónica a contragosto dos clássicos…
- Que eterna desventura de viver na contemporaneidade! Não posso olhá-la como um pretérito ausente, mas sim como a presença constante de quem vive…


- Não!!! Na angústia presente de começar a escrever, foges e pensas que o mundo está perdido porque não tens verba nem situação estável a nível emocional (foram-se uns pretensos amigos, ficam as verdadeiras amizades). Todos os males do mundo se fundem na tua mente e aparentas sofrer de cada picada de abelha que vês e ouves na televisão ou nas palavras reais (muitas vezes transformadas por ti em irreais) das conversas de café. Mas, nada disso é razão… Procuremos assim o centro da epidemia…


- Passadas horas penso que já a encontrei… o medo… o medo de não saber pensar sobre uma folha em branco. O medo de não saber exprimir o que vai na alma.
- O medo da mediocridade é terrífico! É um verdadeiro anátema pessoal… um anátema filológico.
- Por isso, para tempos futuros, mais polifonias albas nascerão como mero exercício de fuga á mediocridade, mais composições ingénuas e despojadas virão á baila num campo musical duplicado, na partitura de uma folha em branco e nos sons vindos do outro lado da janela… sento-me aqui, entre duas varandas, e penso escalpelizar este desgosto natural dentro de mim que se clarifica como a aescrita.
- Para a próxima será bem melhor…
- Assim seja.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Um pauzinho na engrenagem

Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

FMI, José Mário Branco


Zé Màrio, obrigado pelo que ouvi ontem...uma hora de conversa no Patelas...

Obrigado...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Apelo à minha consciência

E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invisível, à penúria absoluta, para produzir um rico?

Almeida Garrett

terça-feira, 8 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [2]




Arco do Bispo, Coimbra. Década de 30.

Súmula

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa, uma
só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca
com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.
Sei que os campos imaginam as suas
próprias rosas.
As pessoas imaginam os seus próprios campos
de rosas. E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes canta e sangra.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino
do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.

- Era uma casa - como direi? - absoluta.

Eu jogo, eu juro.
Era uma casinfância.
Sei como era uma casa louca.
Eu metias as mãos na água: adormecia,
relembrava.
Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.

Apalpo agora o girar das brutais,
líricas rodas da vida.
Há no esquecimento, ou na lembrança
total das coisas,
uma rosa como uma alta cabeça,
um peixe como um movimento
rápido e severo.
Uma rosapeixe dentro da minha ideia
desvairada.
Há copos, garfos inebriados dentro de mim.
- Porque o amor das coisas no seu
tempo futuro
é terrivelmente profundo, é suave,
devastador.

As cadeiras ardiam nos lugares.
Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento
como seres pasmados.
Às vezes riam alto. Teciam-se
em seu escuro terrífico.
A menstruação sonhava podre dentro delas,
à boca da noite.
Cantava muito baixo.
Parecia fluir.
Rodear as mesas, as penumbras fulminadas.
Chovia nas noites terrestres.
Eu quero gritar paralém da loucura terrestre.
- Era húmido, destilado, inspirado.
Havia rigor. Oh, exemplo extremo.
Havia uma essência de oficina.
Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras,
com as suas maçãs centrípetas
e as uvas pendidas sobre a maturidade.
Havia a magnólia quente de um gato.
Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia
que saía da mão para o rosto
da mãe sombriamente pura.
Ah, mãe louca à volta, sentadamente
completa.
As mãos tocavam por cima do ardor
a carne como um pedaço extasiado.

Era uma casabsoluta - como
direi? - um
sentimento onde algumas pessoas morreriam.
Demência para sorrir elevadamente.
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome no espírito como uma rosapeixe.

- Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados
agora nas palavras.
Prefiro cantar nas varandas interiores.
Porque havia escadas e mulheres que paravam
minadas de inteligência.
O corpo sem rosáceas, a linguagem
para amar e ruminar.
O leite cantante.

Eu agora mergulho e ascendo como um copo.
Trago para cima essa imagem de água interna.
- Caneta do poema dissolvida no sentido
primacial do poema.
Ou o poema subindo pela caneta,
atravessando seu próprio impulso,
poema regressando.
Tudo se levanta como um cravo,
uma faca levantada.
Tudo morre o seu nome noutro nome.

Poema não saindo do poder da loucura.
Poema como base inconcreta de criação.
Ah, pensar com delicadeza,
imaginar com ferocidade.
Porque eu sou uma vida com furibunda
melancolia,
com furibunda concepção. Com
alguma ironia furibunda.

Sou uma devastação inteligente.
Com malmequeres fabulosos.
Ouro por cima.
A madrugada ou a noite triste tocadas
em trompete. Sou
alguma coisa audível, sensível.
Um movimento.
Cadeira congeminando-se na bacia,
feita o sentar-se.
Ou flores bebendo a jarra.
O silêncio estrutural das flores.
E a mesa por baixo.
A sonhar.


Herberto Helder, Ou o poema contínuo


A ilha em forma de cão sentado reflectida num esforço de memória(s).

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [1]


Rua Ferreira Borges, Coimbra. Algures na década de 50 [?]

domingo, 6 de maio de 2007

Mais um plebiscito...

E o cão sentado ainda não se levantou...

Já tenho saudades de um futuro...

Lições de um mestre...

Leitor amigo: quando alguma ocasião se te apresentar de escutares qualquer obra de música moderna, vai para ela sem prejuízos.

(...) A música moderna é, em parte, uma resultante lógica e necessária do secular processo evolutivo da música; noutra parte, o produto de ardentes e ousadas explorações e descobertas do homem no domínio imenso do fenómeno sonoro. (...)

Leitor: é para mim ponto de fé que se fores ao encontro da música moderna sem nenhuma prevenção de espírito, o teu bom senso, a tua virginidade de alma, a tua intuição artística, se és intelegente e sensível, denunciarão imediatamente as contrafacções, os produtos avariados, os escalrachos da autêntica música moderna - o mesmo é dizer: da autêntica música, porquanto não se pode conceber qualquer música viva, original, criadora de genuínos valores espirituais que não seja necessariamente "moderna", isto é,integrada na realidade estético-histórica contemporânea. (...)

Parte, leitor, deste princípio muito simples, muito humano, muito racional, de que a música continua e continua-se sempre, e que não podia acabar (...).



Fernando Lopes Graça

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Homens sem Infante(s)

Sinais de fogo, os homens se despedem,
Exaustos e tranquilos, destas cinzas frias,
Lançando ao mar os barcos de outra vida.
[...]



Sinais de Fogo, Jorge de Sena