segunda-feira, 28 de julho de 2008

Colosso Literário: As Erínias voltaram para afagar o remorso



J. Littell, As benevolentes

Nunca pensei conseguir ler 900 páginas em cinco dias. Mas aconteceu. Um livro colossal. Uma visão sobre o nacional-socialismo germânico e seus homens. A linha ténue entre o bem o mal. A realidade do ser humano que cumpre ordens. Uma personagem principal acaracterística (para uma sociedade que se interessa pelos valores certinhos, direitinhos, maneirinhos, amen...), frágil, escondida num mundo sedento de pulsações sexuais e filosóficas que deambula e interfere nos principais palcos da Segunda Guerra Mundial.

Depois de um ano e meio a ler todos os livros do Lobo Antunes, eis que me sai na rifa outro grande escritor - J. Littel - numa confluência de diferentes estilos literários, com laivos do que de melhor se tem escrito, desde a Guerra e Paz, A Montanha Mágica, a Peste e a Oristeia.

Recomendo!!!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Imagem com gente dentro [15]



Um dia. Um passado.Quatro amigos e mais nada... Despojos de uma cidade.


1.º- Bob Dylaneeeeeeee!!! Eric Claptoneeeeeeeee!Daqui a pouco tenho que andar. Isto pesa.

2.º- Que merda tás tu a dizer (com um olhar do Velho do Restelo típico de quem cinza o mundo escondendo um fruto doce de bom companheirismo). OH D. OH N. OH T. ...

3.º- Foda-se esta merda não corta. Se eu soubesse trazia a poda lá da quinta. Caralho que chatice. É mais fácil tosquiar as ovelhas...

4.º- Vou acabar com esta merda. Até já tenho tesoura. Será desta. É de vez. Rasgo esta merda e pronto Adeus Coimbra. Adeus merdas e fados e tralala e tralala e tralala...

Um poema. Um poeta

Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

José Carlos Ary dos Santos