segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

As pitonisas do mundo literário

Ontem à noite passou na 2 um documentário sobre Herberto Helder. O homem, como sempre, pediu para não ser feito... Está no seu direito.

Duas vampironas conhecidas do mundo literário não se calaram...

Sinceramente.

Para além de comentarem a obra (e só neste aspecto teriam todo o direito de fazer), falaram na vida pessoal do poeta.

Eles não percebem que só a obra vale... só essa! Tudo o resto, se não é permitido(incluindo a vida pessoal), é a mais abjecta invasão de privacidade...

Ai Pacheco Pacheco!!! O que vale é que eu ainda te acho alguma graça...

domingo, 23 de dezembro de 2007

Na ilha

Cá estou na omoplata de um cão...
há espera do toque das sirenes.

domingo, 16 de dezembro de 2007

escrever e ouvir Wagner ao mesmo tempo ...

Ouvir o Parsifal de Wagner (uma relação de amor/ ódio sempre saudável)e ao mesmo tempo escrever a minha tese de mestrado, dá para duas coisas: Ou sai uma autêntica merda ou então tudo corre pelo melhor...
Pois é, acho que hoje tive sorte...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Ergo uma rosa




Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua nao faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou vento de cabelos que sacode.

Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O ceu pontuam de ninhos e de cantos,
Bato no chao a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.

Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.

Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me doi de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.


José Saramago, Luís Pastor, Maria Pages - Ergo uma Rosa


Os espanhois não se chateiam... andam com o escritor para todo o lado.
Os portugueses são os Sousa Laras sadios de pensamento (pensam eles)...
A União Ibérica (algo ridículo do meio ponto de vista) agora é justificação para tudo.
Quero só lembrar que outros escritores, como Torga, e artístas portgueses já tiveram as mesmas opiniões. Isso não fez com que fossem postos de lado!!!
Pobre Portugal o nosso... Ainda tão estadonovista.

(Quero ser
Hei-de ser sempre o mais pequenino
Estreitinho
Mirradinho
Que há-de haver
) [Zé Mário, O Papão do Anão]

Foi inaugurada uma exposição em Lanzarote sobre a vida e obra de José Saramago. Esteve presente o ministro da cultura de Espanha. A representação diplomática portuguesa não esteve... e foi convidada!!! Ignorou...
O certame expositivo vai, em princípio, para Madrid e para Nova Iorque. Para Lisboa nada... A fundação responsável pelo certame já iniciou os contactos, mas, ao que parece, ninguém quer semelhante coisa cá no nosso país.
UMA VERGONHA!!!
Qualque dia vou declarar a independência das selvagens!!! talvez assim possa viver de bem com o mundo... Os portugas/cubanos (à madeirense... eu sei não gostam da expressão)ficarão felizes... menos um comuna a chatear o juízo... CHO CHO CHO... diabo vermelho

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Fernando Lopes-Graça - Pensar a música, mudar o mundo...

Lopes-Graça jamais bscou o êxito fácil perante um qualquer público e também nunca se preocupou com a moda. Ao contrário de outros, que, por adesão a um credo estético ou ideológico, se perfilaram como adeptos, ora desta, ora daquela "escola" artística, ou que primeiro defenderam e depois condenaram certas correntes ou tendências da música europeia, Lopes-Graça não andou aos ziguezagues, manteve a sua linha, defendeu o seu percurso interior, de construção ou descoberta da individualidade artística, como parte integrante de afirmação da sua própria diferença ou singularidade como pessoa. Há mudança, há contrastes, há diferenças ao longo desse percurso - como nao podia deixar de ser numa personalidade tão culta, multifacetada e dinâmica - , mas tudo o que de diferente nele acontece é testemunho de um mesmo imperativo de autenticidade, de coerência estética e ética, que ele se impôs a si próprio.
[...]
Ao assumir tenazmente o princípio da diferença ou da diversidade das expressões culturais, como sólido fundamento para o desenvolvimento de uma individualidade artística - isto é, o local e a sua especificidade cultural como terreno fértil para a criatividade artística -, [...] Lopes-graça tornou-se hoje mais actual do que nunca. E tão mais actual quando dessa maneira a sua música prossegue um desígnio de resistência que se manifestou ao longo da sua vida de múltiplas maneiras e que hoje ganha nova força, no contextuda globalização.



Mário Vieira de Carvalho, Pensar a música, mudar o mundo: Fernando Lopes-Graça

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 5 : melodia de arrabal



Carlos Gadel, melodia de arrabal, por uma soprano lírica


Terminei um bom livro...

Seguirei para o Esplendor de Portugal.

domingo, 25 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 4 - El dia que me quieras



Carlos Gardel, El dia que me quieras, versão orquestral, pela Filarmónica de Berlim, dirigida pelo maestro Daniel Baremboin.

Da última parte retenho o seguinte:

O que quer esta agora?, a imaginar Perdeu o emprego?, a recear Vem pedir-me dinheiro?, e não era dinheiro Álvaro, queria ver-te antes de me ir embora, afinal de contas passámos juntos sete anos, afinal de contas houve o Nuno, não é?

Vamos para a quarta parte. Será o Nuno a falar...

25 de Novembro de 1975... O que foi isso???




Já ouvi tantas versões contraditórias... Golpe, contra-golpe, da esquerda, da direita, dos de cima, dos de baixo, dos políticos, dos militares, do grupo dos nove, do MFA, do padre Melo e seus amigos da Maria da Fonte, dos bombistas, dos fachistas ressabiados, dos funcionários da construção civil (desses desconfio muito!!!, a Assembleia emparedada é que era, pá), dos paraquedistas (coitados esses é que ficaram com a fama), do Cunhal e seus amigos amestrados, de Soares e do seu sonho de mudar a constituinte para o Porto, para daí combater a Comuna de Lisboa, dos Serviços Secretos Britânicos e suas armas sempre à disposição, das diretorias de Moscovo e seus respectivos Uzbeques no terreno, do Melo Antunes e da sua contrição televisiva (eu gosto deste senhor... talvez tenha sido o único que realmente falou a verdade em 1998, mas contou só o que sabia... falta ainda o que não se sabe), do Otelo das suas megalomanias de Che Guevara da Europa, do Gonçalves (coitado deixem o senhor em paz!!! que ironia estúpida a minha), dos RALIS e da sua saudação comuna quebrando protocolos, do Spínola e seus amigos direitolas tortos... (papistas?), da maioria silênciosa (há festa na mouraria...lalalalala gosto tanto deste fadinho!), do Gomes da Costa (bem... a lareira em Belém estava acesa, será que de lá poderia sair fumo branco?), do Eanes. E fico por aqui...

- Bem, nisto tudo já me perdi... Alguém que fale a verdade por favor...

- A Bem da Nação [bem, este computador ou está com vírus ou então algumas interferências fazem com que apareçam frases estúpidas!!! Quanquer dia tenho que escrever ao pé da televisão (como o Procurador Geral da República quando está ao telefone)]

- F***-se pá, quis veritas?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - Parte 3 - Lejana tierra mia



Carlos Gardel, Lejana tierra mia, cantado pelo próprio.


Uma segunda parte na linha da primeira. Possante e irreverente. O (des)amor entre duas mulheres e a paixão de Graça pelo seu próprio irmão. O impenetrável olhar da varanda, a frase:

- Vai-te embora desta casa Cristiana

Vamos ver o que se segue.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 2: Milonga sentimental



Carlos Gardel, Milonga sentimental,interpretado por dois bacanos com instrumentos pouco tangueiros. Mesmo assim cheira a tango...

Acabei a primeira parte. Fico mais uma vez impressionado com a escrita possante e entrelaçada de Lobo Antunes. Ao ler o primeiro capítulo consegui mesclar na minha mente a pujança musical de por una cabeça com a descrição da vida de Álvaro (pai do hepático Nuno) e de seu avô Joaquim, homem de uma frieza impresionante que, ironicamente, agonizou, durante meses, com o clima e as nuvens de perfume das turistas da ilha em forma de cão sentado.

Por agora entro bem depressa nessa noite escura... a segunda parte, sob o signo Miloma sentimental. Sobre esta melodia pouco tenho a dizer. Confesso que não conhecia, nem mesmo a letra, embora me pareça que os laivos da impressão amorosa rondarão nos caracteres pretos impressos nas páginas ultrora brancas. Será? Não devia sugerir nada disto... Lobo Antunes quase sempre me surpreendeu... os seus livros são um verdadeiro long drink de epidemias, não por serem maus, mas por deixarem-me doente e muitas vezes depressivo... Quando gosto realmente de um livro, isso realmente acontece...
É estúpido... eu sei...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 1: Por una Cabeza


Carlos Gardel, Por una cabeça. Executado com muita garra por uns amigos asiáticos (ainda desconhecidos).


Canalhice, xavelhada da maior, faca e alguidar, bipolaridade de sentimentos, bailarinas [ui!!!] verdadeiramente fatais, um sim e um não exprimidos em milésimos de segundo de expressão corporal, um kitch jenuíno que lembra a minha terra natal: o radiozinho pequeno em cima do frigorífico a tocar enquanto a dona de casa limpa o chão da cozinha depois do almoço de milho com peixe-espada preto. Tudo isto é triste, tudo isto existe tudo isto é .... Tango. Adoro...Piazzola. As suas melodias de raiva e de pouca lucidez, tocadas com um ritmo apaixonante e por vezes descompassado.

Na minha cabeceira encontra-se à espera da primeira leitura A morte de Carlos Gardel do Lobo Antunes [sim, a minha saga continua, ainda faltam 10 livros do senhor para eu descançar]. Sei que não tem nada que ver com a voz virtuosa do senhor Gardel, muito menos com a sua vida, embora, na divisão interna [em cinco partes] transparecem como leitemotive cinco famosos tangos da sua autoria. A primeira parte encontra-se demarcada sob o desígnio de por una cabeza, uma canção portentosa que eu conheço desde miúdo, quando ouvia rádio nas longínquas tardes na casa da minha avó Adelaide, bordadeira de profissão, onde visionei e fixei na minha mente imagem de um quotidiano que em tudo se assemelha a algumas letras dos tangos mais borlescos e também dos mais sentimentais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Deste medo que é só meu…

Entro na minha inconsciência, muitas vezes pesada, com a pretensão de conseguir demonstrar a leveza desta acção. Sento-me num hipotético precipício de frente para as albas nuvens que se interligam com o pôr-do-sol e escrevo com estes dedos pequenos sobre o teclado, uma série de quadrículas pretas em que toco incessantemente, com sofreguidão amordaçada, até conseguir chegar á realidade que pretendo que algum dia seja meramente consumada. Olho para o ecrã e, perante a minha miopia visceral ao rápido impacto visual, vou descobrindo negros caracteres de varia espécie que se intercalam com o branco inocente e puro de algo acabado de sair do genuíno e imaterial, desvirginado pelo preto sujo de um pensamento que quer ser vida. Mais uma vez não resisto em vomitar incessantemente laivos de má literatura, algo gongórica e de certo modo retrógrada, visto não ter (nem talvez meramente pretender) a decência de esperar pela inspiração (se é que esta existe) nem pelo respirar da minha mente… procuro, neste gesto inato de escrita automática quiça surrealista a la maniera de André Breton e de outros (que, como aquele, são tão basilares, por isso nem pela mais pura heresia os deveria invocar), fugir à loucura da escrita e, num só fôlego, acabar com este meu tormento do dever imposto para um bem final…
Deparo-me agora, nesta simbiose de sonho e de obrigação imposta, com fundo musical de Schubert e elevo-me da encosta em que me encontro. Agarrado ao portátil, vou de encontro à leveza desse pôr-do-sol que, em pleno Outono, se desenha para os lados do grande Cabo iniciador de novos horizontes insulares mesclado pelos tons verde (da vegetação) e laranja, próprio de quem, com o sentimento de despedida, se deixa iluminar por estes últimos raios da renunciada tarde e princípios de uma alvorada nocturna.

São tantos os minutos…
Mais uma vez mergulhei na mediocridade…
Para a próxima será melhor…

P.S.: perdão Schubert, André Breton e outros … perdão … vocês não mereciam isto!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

uma lied de Schubert



Liebeslauschen, interpretado por Fischer-Dieskau


As ondas depressivas morrem com uma simples lied...

domingo, 11 de novembro de 2007

Rex Tremendae Magestatis




De um postal...

Palavras doces ouvidas através da memória do jugo natal

- Sua alma encardida, alma excomungada... a balafêma da tua irmã que disse de mim?Eu?! O diabo é que lhe vai levar para as portas do Bataclá para os cornos do inferno, sua porta da Sé, filha de 7 p*t*s...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ritenuto . .. Presto... Prestissimo



- Renasce filha, estás perdoada!

La cadenza em ritmo de Pasodoble




- Alguém tem um fósforo que me empreste?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Casta Diva - Una provocatione fantastica



Trechos de ópera imortalizados pela madame Callas há aos montes... Mais, todas as divas seguem quase à risca a sua poderosa interpretação da Casta Diva da Norma do compositor belcantista Bellini.

Deixo-vos aqui o mesmo trecho com a signora Cecília Bartoli (mais dada ao reportório barroco, com um Vivaldi magnífico!)reproduzido no seu último CD, todo ele um tributo a la maniera da Diva oitocentista Maria Malibran.

Gosto. Não exagera em dramatismos vocais callianos, assumindo uma serenidade digna de notar.

Há quem não aprecie este esforço. Fica ao critério do ouvinte.

Locus Iste - Bruckner



Partindo de uma tradução bem rasca do latim, se não fosse ateu diria Esta é a casa onde está/existe Deus.

Bruckner no seu melhor...

Imagem com gente dentro [14]




Linha de caminho de ferro (Funchal - Monte - Terreiro da Luta), algures no início do século XX.

- E da gente dentro que não vejo?

domingo, 4 de novembro de 2007

O Elnet burguês inalado em cházinhos de benificência

- quero duas colheres de açucar por favor...

(que ouriço! Credo... meu Deus esta gente não sabe viver...)

- Então como vai a sua menina Maria do Carmo? já foi para a terra do noivo conhecer os futuros sogros? é verdade que o seu futuro cunhado herdará a fábrica de lanifícios Rodrigues da Covilhã? Que bom! deve estar contentíssima...

(esse é que era homem para a minha filha, não para aquela engomadinha que nem falar sabe...)

- Então onde se conheceram? oh! que giro! no baile aqui no casino... deve ter sido tão romântico!

(bem disse à tonta da minha filha para vir até cá em vez de escrever rabiscos em papelinhos para o filho do merceeiro)

- Então amigas como vamos fazer neste Natal para com os pobrezinhos? estive a pensar em roupinhas de criança, até tenho de parte as que ficaram da minha Jeninha, mais uns bolinhos e croquetes para os meninos do sanatório e uns napronzinhos de croché filigranados das mesinhas de cabeceira para os do Bairro de São Julião, se as tiverem claro. Com essa gente não podemos contar com nada, talvez nem saibam o que é isso. São tão mal agradecidos...

A cassete proletária difundida em laivos de charme

(Aguenta lá esses olhos na minha cicatriz porra! aí mesmo, no canto da boca)

porque o mundo burguês, pá, só se aproveita dos trabalhadores para enriquerecer pá...

(foca-te no meu movimento corporal... mais um pouco e já caíste)

porque os cinco tostões que ganhas são só arrotos da burguesia

(repara na minha mão a tocar subtilmente no cabelo seboso de gordura proletária)

porque as vítimas dos regimes fascistas...

(fixa o meu modo de aconchegar o sexo por cima das calças)

porque a gente pá... unidos pá venceremos esta burguesia filha da puta controladora do capital

(então não é desta pá... pronto, pronto... mais um movimento... observa como cruzo a minha encharpe palestiniana pelo pescoço)

Porque a malta não está unida pá porque dispersa-se em lutas pequenas pá que não nos levam a parte nenhuma, pá a luta pá é só uma... só uma..

(encontro os teus olhos nas minhas tenis rotas... pá... não está a dar resultado.)

E unidos venceremos...





[Depois da reunião do grupo de trabalho...]

- Dolores, fiquei enojada com o Manuel Zebedeu.

- Então camarada? porquê? que pensamentos são esses? olha que vou comunicar ao comité central!!! Não pode ser ... estás a aburguesar... a nossa missão... pá... a nossa missão[...]




(Deixei a Dolores em Santos e vagueio sozinha pela margem deste petróleo aquático unido por uma ponte... estou sozinha...)




Hoje, 31 de Janeiro de 1976. vinte e oito anos, quatro meses, seis dias. Conto a idade como contas de um longo rosário. O tempo pesa-me nos ombros... amanhã acordarei para o morno dia da manhã. Da fábrica ficou o que não encontrei...

domingo, 21 de outubro de 2007

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Canções do PREC [7]





Agora o poeta que não é castrado - ARY DOS SANTOS

Canções do PREC [6]




Já repararam que quase todas as músicas parecem uma marcha militar???

Será que isto que dizer alguma coisa?...

Canções do PREC [5]



Soneto do trabalho... esta não é muito boa... fala em trabalho pá...

Canções do PREC [4]




Oh pá!!! OLha a minha inveja... gostaria de ter vivido estes tempos de euforia... acreditem que é verdade...

Canções do PREC [3]




Desculpem lá! mas tou entusiasmadíssimo com esta descoberta...

Canções do PREC [2]




E viva a Festa meus senhores... Nunca mais será vencido???

Hai Povo enganado!!! [diz a minha avó no seu sutaque tão chavelha de ternura]

Canções do PREC



Fernando Lopes Graça, A Jornada


Fernando Lopes Graça, A Jornada... cantada por uma senhora e um grupo de barbudos [vá lá, não briguem comigo, o adjectivo é carinhoso, eu até gosto de vocês...Pá!]num comício depois do 25 de Abril de 1974 [obviamente!!!]

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Confissão de um homem que tudo fez pela arte em Portugal

Por mim, = chegado ao termo da jornada, = depois de desenganos e perfidias de birbantes despresiveis, sínto que malbaratei o meu tempo, e o meu interesse, inutilmente e sem vantagem para a boa causa que julgava missionar e servir! Reconheço que desperdicei a vida a pensar em utopias e inepcias, com a leviandade de quem erra uma operação de aritmética! Anos consecutivos de cuidados e fadigas absolutamente gratuitas! Sem remuneração, abnegadamente liberto de calculos de ambições futuras, ou vislumbrados premios compensadores!... Para que tantas canceiras e contrariedades?... Se ninguem aproveitou com isso!?...


António Augusto Gonçalves (1848-1932), Enumeração das obras preparativas para a instalação do Museu Machado de Castro, Coimbra, Tip. de "O Despertar", 1929, p. 10.

domingo, 14 de outubro de 2007

Bach... para acalmar o meu espírito!



Agnus Dei, Missa em Si menor (Contratenor - Andreas Scoll)

Aeminium... Aeminium

Emínio
Segue o caminho do teu destino
Arranca, das raízes do teu sonho,
A flor mais nobre e mais perfeita
A rosa mais solene
Para as mãos de Tiríntio e de Pirene


Por ti chama a saudade portuguesa!

Oh Cidade Beleza!


Aeminium Libertada, Campos de Figueiredo, em pleno Estado Novo

Oh meus amigos zzz [como diria Diácono Remédios (se bem que este gostaria de certeza do poema acima transcrito)] não havia necessidade...Embora seja ridículo o que postei aqui, penso que, de algum modo, este poema espelha a virgindade comezinha e retrógrada do pensamento típico coimbrão... saudade, fado, beleza, cidade portuguesa, estudantes, capas negras, guitarradas, etc., etc., etc.

Como diria a minha avó:

- HAi povo enganado!!! (som sutaque chavelha... pois claro!!!)

A verdade:

A verdade é um erro à espera de vez (Virgílio Ferreira)

Eu sei Virgílio eu sei... Ok. A minha verdade:

Cidadezinha, corrupta, só vivem os nomes sonantes (desconfiem sempre de alguém que seja de Coimbra com mais de três sobrenomes no próprio nome completo) e os outros sobrevivem..., com muita merda... muita (perdão) e já agora, que a maré está alta (a Figueira da Foz também não escapa...)passo-vos a enumerar:

A Associação Académica [qualquer dia vou a uma Magna ler uma moção propondo a extinção definitiva desse pseudo-poleiro de piriquitos aspirantes a políticos... todos com o tesão do mijo (ups! peço perdão pela linguagem obscena)]

A Câmara Municipal e seus apêndices que mandam ou pensam que mandam (talvez neles próprios e nos seus joguinhos de intriga palaciana)

A Universidade portuguesa instalada em Coimbra no tempo de D. João III (com professores com mais de 500 anos, cheiram a mofo e a naftalina, principalmente nos seus rituais doutorais. Há, na verdade, poucos bons profesores. Eu sei... Há honrosas excepções). Vou vos contar uma história que não vem em muitos manuais... Existiu uma universidade fundada em coimbra no século XV pelo regente Infante D. Pedro e que fechou as portas depois da Batalha de Alfarrobeira. Essa sim... podemos considerá-la A Universidade de Coimbra, não a que temos agora que é a de Lisboa em Coimbra...

A Igreja (que mitra!) e os seus doutrinadores pequeninos (sem falar no SPES... esses eu não aturo... ignoro)


A única coisa que tem de bom este poemazinho foi a música que se arranjou para o cantar... É parte integrante de uma ópera muito interessante (do meu ponto de vista... claro!!!) intitulada Auto de Coimbra musicada por Manuel Faria, um erudito (e era padre) de um ecletismo formidável, digno de um Lopes Graça, possuidor de uma escrita interresante, com o recurso ao paralelismo e à dissonância, até mesmo à total e completa atonalidade. Este belo exemplar de escrita musical feito no nosso país foi encomendado ao compositor em 1963, pela Câmara Municipal de Coimbra, e ficou pronta no ano seguinte. Foram necessários quarenta anos para que as suas excelentíssimas dignidades da gestão camarária conimbrisense (ou coimbrinha?!) dessem o dinheirinho para que se pudesse representar pela primeira vez tão formosa peça, que eu tive a honra de cantar no Choral Aeminium.

Pois, eu sei, não era propriamente as canções zinhas de Rui Coelho e seus pares, tão afamados no glorioso São Carlos (não era, por ventura, o Parque Mayer?)dessa época... É mais Lopes Graça... muito mais.

O único defeito que tem são dois últimos versos transcritos em cima... um borrão ligeiro numa partitura admirável. Por esses dois versinhos escrevi esta trapalhada toda...

- A neurose faz mal às orelhas!

- Aos ouvidos de quem, c***lho?!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Depoimento para juntar ao volumoso processo dos malfeitores da Arte em Portugal. Por uma testemunha, que não tem amizade nem parentesco com os réus!!




Paço dos Duques de Tentúgal, Montemor-o-Velho

Mandado construir pelo regente Infante D. Pedro no século XV. Hoje está ao abandono...

domingo, 7 de outubro de 2007

Azul... liberdade... a mais musical das três cores



na visão de Krzysztof Kieslowski


música de Zbigniew Preisner

para uma futura anamnesis

Ficheiros Word, páginas e páginas de sensos e contrasensos, notas de rodapé enormes...muito para explicar em pouco espaço... em pouco tempo.

Ergo a cabeça, tiro os óculos, olho para a janela, penso: já é noite... quatro da manhã, foram-se 12 horas seguidas marcadas a preto em três páginas brancas e 24 notas de rodapé...

Tiro as mãos do teclado e pego numa mortalha. Enrolo um cigarro. O vento fumado magoa-me nos olhos...

Daqui a nada durmo. Estou cansado... esgotado.

já não vivo, sobrevivo... há pelo menos dois anos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

FMI daridaridaridaridariri


Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!



Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com o José Cacila que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio 'Roulant' preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma 'Graciv Morn' (??) de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Música no seu dia mundial




Richard Strauss , vier letzte lieder - Im Abendrot

Canta a diva Reneé Fleming

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Frase do dia...

Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares. E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde.

António Lobo Antunes, na Visão desta semana.


Ele tem razão... Eu concordo.
Mas gostaria de ter sido eu a afirmar isto sobre ele, e não ele sobre ele próprio.

Já Torga tinha essa mania... O que vou fazer???

Não tenho a menor dúvida que não vou deixar de ler os seus livros...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A actualidade do que se escreveu no passado




(clicar na imagem para ver a notícia)



Zebedeu [um de muitos peseudónios de António Augusto Gonçalves], "Banalidades", O Debate, n.º179, 5 de Dezembro de 1915, p.1.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Aquilo que vejo em muitos museus... pó e gente que dorme

Muzeum

Są talerze, ale nie ma apetytu.
Sa obrączki, ale nie ma wzajemności
od co najmniej trzystu lat.

Jest wachlarz - gdzie rumieńce?
Są miecze - gdzie gniew?
I lutnia ani brzęknie o szarej godzinie.

Z braku wieczności zgromadzono
dziesieć tysięcy starych rzeczy.
Omszały woźny drzemie słodko
zwiesiwszy wąsy nad gablotką.

Metale, glina, piórko ptasie
cichutko tryumfują w czasie.
Chichocze tylko szpilka po śmieszce z Egiptu.

Korona przeczekała głowę.
Przegrała dłoń do rękawicy.
Zwyciężył prawy but nad głową.

Co do mnie, żyję, proszę wierzyć.
Mój wyścig z suknią nadal trwa.
A jaki ona upór ma!
A jakby ona chciała przeżyć!

Szymborska Wisława


Museu

Há pratos, mas falta apetite.
Há alianças, mas falta reciprocidade
pelo menos desde há trezentos anos.

Há o leque - onde os rubores?
Há espadas - onde há ira?
E o alaúde nem tange à hora gris.

Por falta de eternidade juntaram
Dez mil coisas velhas.
Um guarda musgoso cochila docemente
com os bigodes caindo sobre a vitrine.

Metais, barro, plumas de ave
Triunfam silenciosamente no tempo.
Apenas um alfinete da galhofeira do Egito ri zombeteiro.

A coroa deixou passar a cabeça.
A mão perdeu a luva.
A bota direita prevaleceu sobre a perna.

Quanto a mim, vivo, acreditem por favor.
Minha corrida com o vestido continua.
E que resistência tem ele!
E como ele gostaria de sobreviver!

[tradução brasileira de José Santiago]

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Dedicatória [3]



Para a Minha A. P. ... M.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Causas da decadência...(Foto VII) - Fim de um pequeno ciclo




Por uma testemunha que não os pode ver à frente com aquele paleio...

Causas da decadência... (Foto VI)



Por uma testemunha...

Causas da decadência... (Foto V)




Por uma testemunha que não tem amizade, simpatia, muito menos parentesco com os réus [Se tivesse tudo isso não estaria dempregado]

Causas da decadência... (Foto IV)




Por uma testemunha que não tem amizade, simpatia, muito menos parentesco com os reus

Causas da decadência... (Foto III)




Por uma testemunha que não tem amizade, simpatia, muito menos parentesco com os reus

Causas da decadência (Foto II)




Por uma testemunha que não tem amizade, simpatia, muito menos parentesco com os reus

Causas da decadência dos povos penínsulares... especficidade - Portugal século XX (Foto I)




Por uma testemunha que não tem amizade, simpatida, muito menos parentesco com réus...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

imagem com gente dentro [13]




Barcos xavelhas, canoas, linhas, velas, Homens... Câmara de Lobos: Conjugação do jugo matricial, da âncora que não se desfaz mesmo depois de muitos anos. Sentido(s) de pertença...

Câmara de Lobos: Tenho comigo a mágua de te terem reduzído a uma simples carraça do cão sentado.

Pelo sorriso directo e espontâneo que os teus dão à vida...


Baía de Câmara de Lobos, algures na década de 40

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Requiem operático [2]



Não gosto de Verdi, com a suas operazitas de faca e alguidar ... sem substância (tirando o Falstaf... essa é muito interessante)

Mas fez um monumento digno de registar. O seu Requiem operático... um digno registo para salvar os mortos da condenação eterna...

neste excerto canta a diva Luba orgonasova... uma voz admirável.

Versão de J. E. Gardiner ( a melhor que conheço).

Requiem operático




E lá ficaram os pecados do mundo porque assim é a vida...

(seu depravado)

Cataráticos dos ouvidos...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Arvo Part... em acordeon!!! interessante.



Um dos compositores contemporâneos da minha preferência é, sem dúvida, Arvo Part.
Há quem não goste da sua lógica minimalista e insinue que esta pouco cria mais do que transes místicas, de shivas e afins (cristianizados pois claro!!!)e pozinhos de perlim pim pim...

Peço somente a esses que, numa ânsia desesperada, catalogam tudo

(sim eu sei, eu sou o dono do mundo, eu é que sei porque eu percebo e faço aquilo e isto e não sei se me está a compreender, ai não?)

para tentar compreender o mundo em que vivemos... procurem primeiro despojar a alma de todos os elementos sonoros ulteriores e oiçam como se fosse pela primeira vez, um qualquer excerto de Part.

Talvez seja pedir muito... eu sei. Oiçam então as primeiras obras em escrita dodecafónica... aí já gostam... não é?

Olha deixaste cair a chaves do carro. (FMI, José Mário Branco)

Está bem... Pronto. Já parei.

Deparei-me com este achado no You Tube e quis partilhar comigo e com os poucos que conhecem este enderreço de diarreia mental

Jota pimenta 4 Ever (FMI, José Mário Branco)

Gosto...

Por isso estou fora...SHIVAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA~~~~~~~~~~

És tão provinciano (frase dirigida à minha pessoa por um professor catarático da FLUC, um dos antros ecléticos da mamã dos bacharéis)

OK desta é de vez... não liguem por favor!!!

(A neurose faz mal às orelhas) (D.F.)

- Aos ouvidos de quem?

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Um vício estúpido...

Quando acabo de ler um livro que gosto, procuro, logo de seguida, toda a obra do autor em questão e inicio uma leitura desenfreada dos seus romances, contos, poemas e diários.

Acham isto sadio?

Depois do ciclo Herberto Helder, José Saramago, Miguel Torga, entrei na escrita de Lobo Antunes e não consigo parar...

Por agora devoro o Conhecimento do Inferno

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Lendo o livro Os Cús de Judas



No momento em que os seus joelhos se afastarem docemente, os cotovelos me apertarem as costelas, e o seu púbis ruivo descerrar as pétalas carnudas numa húmida entrega de valvas quentes e macias, penetrarei em si, percebe, como um cachorro humilde e sarnento num vão de escada para tentar dormir, procurando um aconchego impossível na madeira dura dos degraus, porque o tipo de Mangando e todos os tipos de Mangando e Marimbanguengo e Cessa e Mussuma e Ninda e Chiúme se erguerão no interior de mim nos seus caixões de chumbo, envoltos em ligaduras sangrentas que esvoaçam, exigindo-me, nos resignados lamentos dos mortos, o que por medo lhes não dei: o grito de revolta que esperavam de mim e a insubmissão contra os senhores da guerra de Lisboa, os que nos quartel do Carmo se cagavam e choravam vergonhosamente, tontos de pânico, no dia da sua miserável derrota, perante o mar em triunfo do povo, que arrastava, no seu impetuoso canto, como o Tejo, as árvores magras do Largo. (...) Não era o rancho que estava em causa, percebe, to­dos comíamos o mesmo alimento turvo, quase podre, que as crianças da sanzala, munidas de latas ferrugentas, desejavam com grandes órbitas côncavas de fome penduradas suplicantemente do arame, era a guerra, a cabronice da guerra, os calendários imóveis em intermináveis dias, fundos como os tristes e suaves sorrisos das mulheres sozinhas, eram as silhuetas dos camaradas assassinados que rondavam as casernas à noite conversando conosco na pálida voz amarela dos defuntos, fitando-nos com as pupilas magoadas e acusadoras dos esqueléticos cães vadios do quartel. Os soldados acreditavam em mim, viam-me trabalhar na enfermaria os seus corpos esquartejados pelas minas, viam-me à beira dos beliches se tiritavam de paludismo nos lençóis desfeitos, de modo que, sabe como é, me cuidavam um deles, pronto a encabeçar a sua zanga e o seu protesto, assistiram à minha entrada na caserna onde um homem se trancara brandindo uma catana e ameaçando matar toda a gente e a si próprio, e viram-me sair com ele, momentos depois, a soluçar no meu ombro abandonos de bebé disforme, os soldados julgavam-me capaz de os acompanhar e de lutar por eles, de me unir ao seu ingênuo ódio contra os senhores de Lisboa que disparavam sobre nós as balas envenenadas dos seus discursos patrióticos, e assistiram enojados à minha passividade imóvel, aos meus braços pendentes, à minha ausência de combatividade e de coragem, à minha pobre conformação de prisioneiro.

António Lobo Antunes, Os Cús de Judas

sábado, 18 de agosto de 2007

Dedicatória [2]



Chega de Saudade, Tom Jobim/João Giberto

Para M
[Obrigado pela semana... nh*m* t]

Memórias de um espaço de memória, MMC (1911-1965)



Vamos lá acabar com isto... Já não consigo olhar para a minha memória destes últimos dois anos sem me deparar com esta imagem... os espaços não são meus, mas fazem parte integrante da minha missão e ela terá um termo em breve, muito em breve. Tenho que avançar com a vida e procurar um outro objectivo. Sair da depressão que afecta a capacidade realizadora e terminar o que já há muito deveria estar terminado. A alma de quatro paredes históricas contendo, agrupados em diversos continentes artísticos, antanhos de ultrora que não pertencem à minha identidade matricial, sairá de vez da minha mente. Abrirei de novo um alçapão para a felicidade... Viver Duarte Viver... diz uma das minhas vozes interiores.
Sim eu seguirei, viverei, afinal se não foi desta paragem que o futuro encerra, terminemos então o objectivo. Fecharemos a porta depois de completar a escrita e arguir um dado pesado de pretéritos e caminhemos a diante... Eis um novo espaço.Um caminho uma nova paragem...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Natália Correia- contra esta poucos se atreveram a piar



O acto sexual é para ter filhos
- disse ele
Um poema de Natália Correia
a João Morgado

Já que o coito- diz Morgado-
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca,
Temos na procriação
Prova de que houve truca- truca.
Sendo pai de um só rebento,
Lógica é a conclusão
De que viril instrumento
Só usou – parca ração!-
Uma vez. E se a função
Faz o ógão – diz o ditado –
Consumada essa excepção,
Ficou capado o Morgado.



Um poema declamado por Natália Correia (no seu papel de deputada do PRD) na Assembleia da República (dia 3-4-1982) em honra às estas declarações de João Morgado (CDS): O acto sexual só é legítimo tendo em vista a procriação.

domingo, 12 de agosto de 2007

uma urze contemporânea





Entrei nos teus diários e na criação do mundo... o teu.
Não merecias o que te estão a fazer. A cidade mamã dos bachareis, que tu tanto criticaste, pendurou-te num plástico a forrar autocarros e falam de ti com uma hipocrisia que mete nojo...Tudo o que disseste e excomungaste nesta aeminium cruel e atávica... continua e continua e continua...

O Portugal negro, bolorento não acabou... multiplica-se mesmo depois da pseudo-transmutação pudim flã instantâneo do folclor revolucionário pós-Abril.

O Portugal lírico em natureza e humanidade, que tão bem descreveste, esse jaz decrépito, abandonado pelos seus... angustiados...

Tu não mereces isto.

Que se f***m esses comemoradorezinhos hipócritas de m***a... não te conhecem... eles não te conhecem...

[mais calmo]

tu não mereces isto

Imagem com gente dentro [12]




Adro da igreja de Nossa Senhora do Monte, 14 de Agosto de 1912

Nossa Senhora do Monte
Tem um moinho na mão
Para moer as mentiras
Dos romeiros que lá vão


Adágio popular


Também já fui moído no Monte...não. Não foram as mentiras, mas sim pela curiosidade natural de ver um povo que sai da sua vida quotidiana e se religa ciclicamente ao seu afecto primordial ... a festa... o líquido dionisíaco do ser humano. A romaria e as promessas... uma economia de troca entre o ente pedinte e o sagrado. Subir às escadas do santuário albo e olhar em volta. Ver no fundo a cidade do Funchal vazia e ao pé de mim o povo que toca e beija um manto de uma mera escultura policromada. Eu sei... pensamentos meus que não retratam o dos fieis.

sábado, 11 de agosto de 2007

Um Rosto de Palavras



Poeta do mundo...Poeta da palavra física...Poeta da metafísica musculada... Tão só um homem. Desde Fernando Pessoa que não se lia algo assim...o melhor poeta português vivo.

P.S.:Não é por ser madeirense (como se isso para mim fosse alguma coisa...). É por ser, somente, ser. A vida e as opiniões... mas não tou sozinho!...

Schubert aos olhos de um virtuoso Liszt



Confesso que não aprecio o reportório de Liszt embora tenha de dar o braço a torcer às suas transcrições, principalmente às de Schubert, Beethoven e Wagner.
Desses três não sei qual prefiro. O primeiro é o espírito humano que se demonstra de forma simples, despojada, límpida. O segundo fala ao homem e a sua interligação com a humanidade. O terceiro... bem este... eu não seria seu amigo. Detesto os pensamentos, a prepotência e o antisemitismo acérrimo, mas a sua música... leva o ouvinte a absorver os meandros psíquicos das personagens representadas. As óperas wagnerianas são verdadeiros tratados da condição humana... a consequente variação entre o bem e o mal...
Liszt, nas referidas transcrições, reproduz a essência de cada um deles introduzindo subtis ormanentos da sua grande virtuosidade pianística.

Por agora Schubert...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Comfortably Numb... quantas vezes....






Pink Floyd The Wall - Pink Floyd - Comfortably Numb

Sentimento numa só palavra






Jeff Buckley's Hallelujah

terça-feira, 10 de julho de 2007

Imagem com gente dentro [11]



Borracheiro a esvaziar o vinho para uma pipa,s/d.

Que coisa é essa senhor Vicente?
Que máquina é essa?
E... que luz?!
O que disse?
Fotogramia? Ahn? Fotografia?
Para que serve isso?

Bem, se este vinho fosse meu dava-lhe um copo... mas não é...

Mesmo assim, o que disse foi fotografia?


[e desceu a encosta mais aliviado. Seria da insólita descoberta ou do peso que não
trazia nos ombros?]

segunda-feira, 9 de julho de 2007

De apóstolos e de anjos e a fusão num só nome



Peter Gabriel, Mercy Street

Dos Génesis à World Music... Um Senhor!!! (com sotaque à nortanho)

Poucos conseguem tornar a música num elemento natural. Este homem consegue. Principalmente na fase Wold Music.
Recomendo igualmente o catálogo discográfico da sua editora REAL WORLD.

[...]
Falta-me a ciência inspiradora ou a inspiração científica de Pedro, sim...o Gabriel.
[...]

D. F., Livro das Evidências

domingo, 1 de julho de 2007

Imagem com gente dentro [10]




Pescadores a descarregar peixe espada preto (próximo da baía do Funchal), antes de 1934.

Odores de àgua salgada e de peixe que estiveram presentes na minha infância e juventude... marcas da profissão dos meus ancestrais. Digo-vos, um trabalho de cão.

Quem anda ao mar não tem dia nem tem hora (Quadrilha)

deambulando pelos livros de um mestre

Chego agora aos campos e espaçosos palácios da memória onde se encontram os tesouros das inumeráveis imagens de toda espécie de coisas introduzidas pelas percepções; onde estão também depositados todos os produtos do nosso pensamento, obtidos através da ampliação, redução ou qualquer outra alteração das percepções dos sentidos, e tudo aquilo que nos foi poupado e posto à parte ou que o esquecimento ainda não absorveu e sepultou.


Jorge Luís Borges

sábado, 23 de junho de 2007

Bruckner Zen



Eis um excerto do segundo andamento da 7ª sinfonia de A. Bruckner, dirigida pelo maestro Abbado. Ainda não me esqueci da versão do mago Celibidache (mais lenta e transparente), mas recomendo esta pelo seu lirismo à flor da pele.

Meu amigos... Eu já voei ao som desta obra... sim, voei! Acordei e pensei que tinha superado o sofrimento. Levantei-me e abri as portadas da janela do meu quarto... olhei por cima da cidade e vi que o meu nirvana não modificou a sua cadência... os transeuntes desconexos subiam as ruas carregados de sacos pensativos... o sofrimento voltou... só verdadeiramente o conseguirei ultrapassar quando, num movimento colectivo, conseguirmos atingir o corte com a vida anterior e assim poderemos nos elevar até à morada da felicidade... Utopias... eu sei. Até lá, não me resigno! Procurarei uma ínfima parte da minha profecia nos sons ciclicos das sinfonias de Bruckner.
Até à eternidade...

quinta-feira, 21 de junho de 2007

As Transmutações

(as transmutações)


Escultura: objecto

Objectos para a criação de espaços. Espelhos para a criação de imagens. Pessoas para a criação de silêncio.

Objectos para a criação de espelhos para a criação de pessoas para a criação de espaço para a criação de imagens para a criação de silêncio.

Objectos para a criação de silêncio.


Herberto Hélder, Photomaton & Vox.

domingo, 17 de junho de 2007

Lua Nha Testemunha [letra e música]





Cata pensá nhá cretcheu
Ni bô cata imaginá,
c'ma longe di bô mi tem sofrido
Perguntá luá na ceu,
lua nha companheira... di solidão

Lua
Vagabunda di espaço
Qui contche tudo nha vida
E na desventura
El, qui tá contábu nha cretcheu
Tudo qui tem sofrido
Na ausência e na distância

Mundo...
Bô tên rolado cum mim
Nun jogo di cabra cega
Semp ta perseguirme
Pa, cada volta qui mundo dá,
El tá traze-me un dor
Pra me tchegar mas, pa Deus


Lua minha testemunha...A deusa do Ébano canta um dos poemas jucosos dos dez cães mais melómanos que conheço. Ouvindo este português adocicado pelo sol, eles não estão estáticos. Balançam oivando ao luar, levados pelas rítmicas mornas e ondas do Atlântico.

sábado, 16 de junho de 2007

Imagem com gente dentro [9]



Sé do Funchal [a primeira Sé portuguesa a ser construida fora do Reino], algures na década 40.

O cão esteve com pulgas e carraças... coçou-se até mais não e ficou em ferida... Essa solidificou-se em tempos e em pedra... e a crosta jamais saiu do seu corpo. As pulgas e carraças já não mordem. Submetem-se ao terror escatológico do edifício matricial...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Apelo à minha consciência [4]

Somos a memória que temos e a responsabilidade
que assumimos, sem memória não existimos, sem
responsabilidade talvez não mereçamos existir.




José Saramago, Cadernos de Lanzarote, vol. II.

domingo, 10 de junho de 2007

Café con libros [4]

Eugénio de Andrade


Café con libros [3]

Fernando Pessoa


Café con libros [2]

António Lobo Antunes


Café con libros [1]

Este é o título de um curioso programa da televisão regional das Astúrias que tem como objectivo dar a conhecer os autores da literatura mundial.

Sobre a portuguesa foram já realizados quatro programas!!!

Começaremos este ciclo por Miguel Torga...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Imagem com gente dentro [8]



Chegada de um vapor à Baía da cidade do Funchal. Criança empoleirada numa canoa,s/d.

É do mar que melhor se olha a grandeza daquele espécime canino.
No clamor luzidio das suas águas navegam cidades em plataformas gigantes dos países que eu, em jovem, acenei.
Com o mar um dia partirei. Fugirei destes carunchosos desmazelos e dos ardores incómodos de vida (encontrarei outros? certamente...).
Se voltar, não sei se virei pelo mar...
Se voltar vou querer olhá-lo, guardando em mim todos os anos da sua ausência.
Entrementes, não me resigno... Esperarei atento as sirenes do temporário abandono.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Dedicatória



Para M.

Händel, "Io t'abbraccio", ópera Rodelinda.

Intérpretes: Andreas Scholl & Anna Caterina Antonacci

Apelo à minha consciência [3]

Dá-me uma ajuda, ó médico das almas
para escolher em que combate combater
Quem condeno eu à vida
Quem condeno eu à morte
Que me podes tu dizer

Encostado à árvore do tempo
Folhas mortas, folhas vivas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido
Não paga as refeições

Este torpor só tem uma solução
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E no fazendo acontecendo
Deixar ir o coração
Que é o que nos sobra

Ao fazer-se, o mundo nasce de si próprio
Ser avô é uma alegria atravessada
Dá p'ra rir e p'ra chorar
Não temos nada com isso
E o nada não é nada

Disseste um dia que tudo vale a pena
Tornar as almas mais pequenas é que não
Vamos sobre duas patas
Juntar as partes da antena
Espalhadas pelo chão

Fecha a porta que vem frio lá de fora
Diz o coxo aos despernado, e eu aqui
Fui à procura de mim
Encontrei-me mesmo agora
E ainda não fugi

O tempo corre por entre pívias e manhas
E tudo fica cada vez mais como está
Mas ao correr desta pena
Não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá

Emigrantes da quarta geração (carta a J.C.), José Mário Branco

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [7]




Traje típico madeirense, s/d.

Poses pouco quotidianas para inglês ver... sentado.

Lua nha testemunha [de uma voz assim]



Lua, nha testemunha :

de um mar que reune dez cães sentados que procuram no fundo do oceano os reflexos sonoros de uma morna leveza;

de uma diva humilde que absorve a atenção do(s) ser(es);

de uma verdadeira deusa do Ébano... Cesária Évora.


Miss Perfumado, Cesária Évora.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Apelo à minha consciência [2]

Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente.


Karl Marx e Friedrich Engels, A Sagrada Família.


Uma epígrafe encontrada no livro de contos Objecto Quase de J. Saramago, que fermentou nas caldeiras das minhas sinopses...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [6]




Borracheiros [transportadores de vinho], pelo caminho de Belém acima[freguesia de Câmara de Lobos], algures na época de 40/50.


Subindo uma encosta de cão...

Aos amigos [aos meus...]

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.

Os amigos que enloquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade.

Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.

- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


Herberto Helder

domingo, 20 de maio de 2007

Pelos lados da Tropicália




Chico e Jobim, Falando de amor, com doçura...

sábado, 19 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [5]





Mundo rural madeirense, algures na década de 40/50.

[Vidas plenas de natureza sobre o cão sentado]

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [4]




Crianças de Câmara de Lobos, algures na década de 40[?]

Almas juvenis para além da razão... vidas e sorrisos residentes no cão sentado.

Maria Clara, o homem da casa...

Há momentos na vida em que necessitamos tanto de um sorriso.
À falta de melhor toco-me com o dedo no vidro.


Não entres tão depressa nessa noite escura , António Lobo Antunes.


Já tentei parar mas não consigo...
que livro!!!!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Três génios...




W. A. Mozart (O compositor)

Maria João Pires (A pianista)

Pierre Boulez (O maestro)


Não sei o que mais posso querer... talvez uma orquestra à altura... (e não está má de todo)

Concerto para piano nº 20 em Ré menor (2º e 3º andamentos)

A música é o barrulho que pensa, Victor Hugo

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Imagem com gente dentro [3]




Pescadores de Câmara de Lobos,algures na década de 30/40.
[Um dos esparsos da ilha em forma de cão sentado].

Tocatta em fuga à paródia a duas mãos

Manifesto anti W®INDOW®S!



"In memoriam" José de Almada Negreiros,
“poeta d’Orpheu e tudo”,
à música e poesia de José Mário Branco
e à simpatia do reggae dos Kussondolola.



O w®indow®s e o Dantas são irmãos,
A sua mãe foi
Meretriz da Babilónia
que se arrependeu
de ter emprenhado pelos ouvidos,
de mula...
ainda hoje está triste
porque o aborto é ilegal...

(à mãe do windós
não foi presa
porra nenhuma!!!)

Já deve haver bombas w® & w®s lda…
para fundamentalistas anabaptistas,
católicos,
islamitas,
budistas,
jainistas…
mais
anarquistas e
caóticos esquerdistas,
e direitolas tortos,
Papistas!?

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
É preciso a fusão nuclear a frio para acabar com a espécie deles w®’s.

Se há w®’s em portugês
Nós queremos escrever sânscrito
ou em mind’rico...
Não há W®rd em mind’rico,
nem em mirandês, nem em basco...
nem em galego...
nem em esperanto.
ou sei lá...,
nem em chinacabarquês!

Se o w®indow®s é terreno,
tragam-nos já a Jerusalém Celeste!
(aí Deus nosso senhor!)
Ou será que o Bill portões já vendeu as janelas a Deus?
Se o sistema informático do céu são janelas w®
queremos ir para os beirais do Inferno!!!
O w® é pior que os sete pecados mortais todos juntos...
o w® é pedófilo e subverte a juventude...
e ninguém lhe deu uma taça de cicuta.
Se o w® é doido libertem, pelos portões, todos os malucos!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!

Comparadas com w®, as sete pragas do Egipto são 1 mosquito!
... ou dois (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows).
O w® é a erosão que corrói as Pirâmides e a Civilização!

Se já exportaram o w®indow®s para a Lua
queremos viver em Plutão!
Se o futuro é o w®indow®s tragam-nos já o Fim dos Tempos!!!
Traga-se, de um só trago, o Apocalipse
servido com copos e travessas de prata w®
mais os vossos líricos w®,
os vossos profetas w®,
anjos de perdição informáticos,
dogmáticos!
E vós parváticos? Que fazeis?
Bateis palmas?
Já sois estado-unidenses é?
Já nasceram em Seattle é?
Já apoiam a desértica invasão do petróleo?!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou dois (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows).

As vossas teorias da conspiração w®
cheiram mal dos genitais...
tal qual os vossos Da Vinci’s
de pacotilha que tais!
O w® é pior que a gripe das aves,
que peste suína africana,
que a filoxera,
o w® mata mais gente, intelectualmente, que a heroína…
a cocaína e a erva fazem bem melhor...
Mais vale fumar nicotina
do que ter que dar no w® no ibm/pc…
O w® é a bela merda que se vê!!!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou três (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)que w® não é perfeito!

E depois vem o Sócrates
mais a sua corja de parvos
e vendem o futuro da nação ao w®
e aos portões e às janelas…
e vejam bem, por meia dúzia de tostões!!!
Que o bom português vende-se suave e barato!
Se Portugal é w® eu quero ser brasileiro...
O w® é cámone,
o w® é arraçado de cámone,
o w® é meio nazi,
e nem fascista consegue ser!
Ele é capitalista, ele é dialéctico,
ele é pseudo-marxista...

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou quatro (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)f***-se. que é mais estúpido que é 1 porta,
que 2 portões, que 3 janelas,
que 4 billboys!!!!

Depois virão os cabrões de vindoros,
os moralistas
mais a mãe puta dos filósofos
e politicantes pós-modernos
a dizer com’ó Só- Ayres: é fixe! (o w®, bem entendido)
a dizer que as pastas w®
fazem bem aos olhos,
quiçá aos dentes,
e à saúde dos pés!
Certamente já haverá
aguardente w®
já há uísque w®
(que faz bem à cirrose)
e filós w®, qual mezinha para combater o cancro dos testículos!!!

Mas ninguém combate o vírus ideológico
que vos corrói a mente
seus pedantes
d’aquém e d’além Mar!
Meteis tanto nojo,
com os vossos cifrões,
neutrões, fotões e electrões
e o vosso capital electrónico
que pulula de cartão em cartão
(nesta pop-chula,)
e se acumula,
reproduz e se gere eternamente
e globalmente…
O vosso neo-capitalismo
é tão excremento que nem escatologia chega a ser!!!

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um...
Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou cinco (jgjhghjghg00009 erro do Microsoft Windows)
f***-se. que é mais estúpido que é uma porta,
que um portão, que uma janela,
ou que o vosso presidente-guru Brux, (01011019010 mais outro erro binário).

O Dantas e o w® são primos e irmãos
nasceram do casamento de um chacal com uma hiena,
e o seu tio-avô era ladrão...
tão ladrão que lhe chamavam Burguês!
Tão ladrão que lhe chamavam Sultão...
e era mameluco e eunuco
o pobre coitado!!!
O w® é o pai, o avô e a mãe dos sapiquê
o w® é bosta (com sotaque de Fêlipão)…
E neste Atavismo Global
qualquer dia a Via Láctea é marca registada w® ...
Oh não!
Então imigraremos para outra dimensão...

Morra o w®indow®s morra o w®indow®s morra PIM
pim pam pum cada bala um!
... ou seis (que grande Besta)!

[...]

MORRAM e ardam muito TEMPO nos esgotos do Inferno!....




© Raimundo Mazzorro (poeta neo-futurista, tribalista do “novo Orpheu” e «tudo mais é com Deus»).

© Manuel Zebedeu (poeta intra-surrealista da epistola sagrada de Bruges).


Publicado na Revista OS Bárbaros