segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A morte de Carlos Gardel - parte 1: Por una Cabeza


Carlos Gardel, Por una cabeça. Executado com muita garra por uns amigos asiáticos (ainda desconhecidos).


Canalhice, xavelhada da maior, faca e alguidar, bipolaridade de sentimentos, bailarinas [ui!!!] verdadeiramente fatais, um sim e um não exprimidos em milésimos de segundo de expressão corporal, um kitch jenuíno que lembra a minha terra natal: o radiozinho pequeno em cima do frigorífico a tocar enquanto a dona de casa limpa o chão da cozinha depois do almoço de milho com peixe-espada preto. Tudo isto é triste, tudo isto existe tudo isto é .... Tango. Adoro...Piazzola. As suas melodias de raiva e de pouca lucidez, tocadas com um ritmo apaixonante e por vezes descompassado.

Na minha cabeceira encontra-se à espera da primeira leitura A morte de Carlos Gardel do Lobo Antunes [sim, a minha saga continua, ainda faltam 10 livros do senhor para eu descançar]. Sei que não tem nada que ver com a voz virtuosa do senhor Gardel, muito menos com a sua vida, embora, na divisão interna [em cinco partes] transparecem como leitemotive cinco famosos tangos da sua autoria. A primeira parte encontra-se demarcada sob o desígnio de por una cabeza, uma canção portentosa que eu conheço desde miúdo, quando ouvia rádio nas longínquas tardes na casa da minha avó Adelaide, bordadeira de profissão, onde visionei e fixei na minha mente imagem de um quotidiano que em tudo se assemelha a algumas letras dos tangos mais borlescos e também dos mais sentimentais.

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