Lopes-Graça jamais bscou o êxito fácil perante um qualquer público e também nunca se preocupou com a moda. Ao contrário de outros, que, por adesão a um credo estético ou ideológico, se perfilaram como adeptos, ora desta, ora daquela "escola" artística, ou que primeiro defenderam e depois condenaram certas correntes ou tendências da música europeia, Lopes-Graça não andou aos ziguezagues, manteve a sua linha, defendeu o seu percurso interior, de construção ou descoberta da individualidade artística, como parte integrante de afirmação da sua própria diferença ou singularidade como pessoa. Há mudança, há contrastes, há diferenças ao longo desse percurso - como nao podia deixar de ser numa personalidade tão culta, multifacetada e dinâmica - , mas tudo o que de diferente nele acontece é testemunho de um mesmo imperativo de autenticidade, de coerência estética e ética, que ele se impôs a si próprio.
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Ao assumir tenazmente o princípio da diferença ou da diversidade das expressões culturais, como sólido fundamento para o desenvolvimento de uma individualidade artística - isto é, o local e a sua especificidade cultural como terreno fértil para a criatividade artística -, [...] Lopes-graça tornou-se hoje mais actual do que nunca. E tão mais actual quando dessa maneira a sua música prossegue um desígnio de resistência que se manifestou ao longo da sua vida de múltiplas maneiras e que hoje ganha nova força, no contextuda globalização.
Mário Vieira de Carvalho, Pensar a música, mudar o mundo: Fernando Lopes-Graça
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